Hoje, dia 5 de agosto, é comemorado o Dia Estadual de Conscientização, Mobilização e Combate à Hanseníase.
A DOENÇA E O PRECONCEITO
A hanseníase é uma doença infecciosa, crônica e transmissível, que atinge principalmente a pele e os nervos (em especial os da face e extremidades, como braços e mãos, pernas e pés). Ela é causada pela bactéria Mycobacterium leprae, identificada em 1873, sendo mais conhecida como Bacilo de Hansen, em homenagem a seu descobridor, o cientista norueguês Gerhard Armauer Hansen.
Considerada a enfermidade mais antiga da humanidade, há registros de hanseníase desde a Antiguidade, presentes até mesmo nos relatos bíblicos. A doença, popularmente conhecida como lepra, era cercada de profundo preconceito, uma vez que as pessoas infectadas eram discriminadas e obrigadas a viver fora do convívio com a sociedade, além de sofrer as consequências da própria enfermidade. Durante séculos sem cura e sem tratamento, a lepra causava deformidades e as pessoas contaminadas eram confinadas em leprosários ou colônias, à espera da morte. Hoje, porém, a situação é outra: a informação e a prevenção são o melhor remédio e, com as terapias e medicamentos disponíveis, as chances de cura e socialização dos doentes são efetivas. Embora seja considerada uma doença incapacitante, a hanseníase, se tratada nos estágios iniciais, é curável e não deixa sequelas.
Como forma de combate ao preconceito que cerca a doença, o doutor Abraão Rotberg, professor da Escola Paulista de Medicina (EPM), sugeriu que o termo “lepra” e seus derivados não fossem mais utilizados para se referir à enfermidade. O Brasil adotou essa ideia e, em seu lugar, passou-se a utilizar o termo “hanseníase” e suas terminologias. Tal iniciativa foi divulgada em 1976 e acatada oficialmente pelo governo brasileiro em 1995, por decreto assinado pelo então ministro da Saúde, doutor Adib Jatene.
NÚMEROS
Atualmente, a Índia é o país com o maior número de casos de hanseníase no mundo, seguida pelo Brasil e pela Indonésia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há, em média, 210 mil novos casos da doença por ano. No Brasil, são registrados perto de 30 mil casos anuais nos vários estados, sendo que 6% deles acometem crianças e adolescentes, somando aproximadamente 2 mil pacientes. Destes, 7% (140, em média) são diagnosticados com alguma sequela relacionada à doença.
PREVENÇÃO
Como fatores predisponentes da hanseníase estão o baixo nível socioeconômico, a desnutrição, a superpopulação doméstica e a falta de saneamento básico, o que explica sua incidência em países subdesenvolvidos.
Dadas tais condições e em consonância com os esforços mundiais de prevenção de diversas doenças, anualmente são promovidas ações para marcar o Dia Mundial de Combate e Prevenção à Hanseníase, recordado no último domingo de janeiro e o dia Estadual que é comemorado no dia 05 de agosto. A iniciativa busca melhorar o controle da doença por meio da disseminação de informações especializadas e conscientização da população sobre sua gravidade, bem como a necessidade de diagnóstico e tratamento precoces, contribuindo para a redução do (ainda existente) preconceito acerca da doença.
SINTOMAS E CONSEQUÊNCIA
Os sintomas frequentes da hanseníase, que levam tempo prolongado para se manifestar (em média, o período de incubação dura de dois a sete anos, podendo chegar a 20), são manchas esbranquiçadas, róseas, avermelhadas ou amarronzadas no corpo, geralmente com diminuição ou ausência de sensibilidade térmica (ao calor e ao frio), táctil (ao toque) ou álgica (à dor) pelo comprometimento dos nervos condutores das sensações. Também podem ocorrer caroços na pele, dormências, diminuição de força e inchaços nas mãos e nos pés, formigamentos ou sensação de choques, agulhadas ou fisgadas nos braços e nas pernas.
Assim, se a doença não for tratada, os danos aos nervos dos membros podem resultar em atrofia ou paralisia das mãos e dos pés. Se os nervos faciais forem atingidos, podem ocorrer, ainda, entupimento nasal e problemas oculares, como úlcera nas córneas e até mesmo cegueira. São essas as consequências que fazem com que a hanseníase seja considerada uma doença incapacitante quando não tratada.
TRANSMISSÃO
Apesar de ser uma doença manifestada na pele, à transmissão da hanseníase ocorre pela respiração e a partir do contato com pacientes ainda não tratados, por meio de gotículas que saem do nariz ou da boca de quem tem a doença, ou seja, pela saliva, tosse ou espirro. Em princípio, todas as pessoas estão expostas, porém a maioria delas possui uma resistência natural e não adoece, mesmo quando entram em contato com o bacilo. Os grupos de maior risco são familiares e pessoas próximas de pacientes. Dessa forma, como parte das ações de controle, todos os indivíduos que mantêm contato próximo com os pacientes, sobretudo os de uma mesma família, devem ser examinados, visando ao diagnóstico precoce.
TRATAMENTO
Atualmente, existem antibióticos bastante eficazes contra a hanseníase, que pode ser tratada e curada, sem que o paciente precise se afastar da sua rotina ou de sua família. Quanto mais rápido o paciente iniciar o tratamento adequado, mais rapidamente a doença deixa de ser transmissível e menores são as chances de surgirem incapacidades físicas. Por isso, é muito importante a conscientização da população e dos profissionais de saúde, visando ao reconhecimento rápido e do maior número de casos precoces da doença. A terapia atual, à base de medicamentos, leva de seis a 12 meses de duração. É feita gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o território nacional.
Em Três Rios
O Programa de Hanseníase do município fica no Setor de Vigilância Epidemiológica de Três Rios